Aneel vai reduzir burocracia para facilitar instalação de sistema solar em residência

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai definir ainda no primeiro semestre uma proposta para acelerar o acesso dos mini e microgeradores de energia à rede das distribuidores de energia. Hoje, a demora da ligação dos projetos à rede das distribuidoras é uma das reclamações de quem trabalha com energia solar.

 

Segundo empresas que instalam esses sistemas solares, o prazo para conclusão numa residência, por exemplo, é de menos de uma semana, mas algumas vezes a parte burocrática, que envolve autorização e vistoria das distribuidoras, atrasa o processo em meses.

 

O sistema de mini e microgeração distribuída permite que qualquer pessoa gere energia para seu consumo. O que exceder pode ser jogado na rede da distribuidora que funciona nesse caso como uma bateria. A energia que entrar na rede da concessionária será descontada do consumo que for feito em momentos em que não é possível gerar energia, no caso da solar, durante a noite.

 

O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, afirmou em entrevista recente que o potencial de crescimento da microgeração distribuída é enorme e entre os grandes benefícios do sistema está a redução de perdas de energia na transmissão e redução da pressão sobre o sistema.

 

Segundo o diretor da empresa Neosolar, Raphael Pintao, o interesse do público pela geração solar tem aumentado e a expectativa é que aumente mais com a exposição do assunto e o interesse demonstrado pelo governo. “Quem mais tem instalado são residências. Por causa do perfil de consumo o sistema é mais vantajoso para residências que para empresas”, afirmou. A Neosolar foi a empresa responsável pela instalação do primeiro sistema de microgeração de São Paulo.

 

Como gerar energia solar?

 

Para quem se interessar em gerar a própria energia, Pintao afirmou que o primeiro passo é contatar uma empresa para fazer um estudo sobre a viabilidade do sistema. A eficiência dos painéis solares depende de fatores como a região onde será instalada e a posição do telhado. Esses fatores interferem no tempo que o consumidor vai levar para “recuperar” o investimento.

 

Em geral o tempo médio é de 8 a 10 anos, mas em regiões com maior incidência de energia solar e onde o custo da energia é mais caro esse tempo cai para 5 ou 6 anos. “Mas o equipamento tem vida útil de 25 anos, ou seja, depois de 10 anos você ainda vai gerar mais 15 anos de energia com ele sem custo”, afirmou o diretor-executivo da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), Rodrigo Lopes Sauaia.

 

Para 2023 a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) estima que o consumo atendido com a autoprodução e a fotovoltaica, representará cerca de 12% do consumo de eletricidade. “Dentre as tecnologias de geração distribuída de pequeno porte destaca-se a baseada no aproveitamento solar fotovoltaico; essa tecnologia se apresenta com maior potencial de penetração no horizonte decenal”, afirma o Plano Decenal de Expansão de Energia elaborado pela EPE.

 

 

Aquecimento e geração

 

A micro e minigeração de energia solar é quando o consumidor gera energia através dos painéis fotovoltaicos, que captam a luz do sol. A tecnologia é diferente da usada no aquecimento solar, quando não há geração de energia elétrica. No caso do aquecimento solar, há apenas uma redução do consumo por causa do uso das placas.

Fonte: Fato Online

Projeto de geração de energia solar flutuante será testado em usina hidrelétrica

Já mencionamos aqui no blog da Neosolar um projeto do governo federal que prevê a instalação de painéis flutuantes nos lagos de duas hidrelétricas do país (Balbina, no Amazonas, e Sobradinho, na Bahia), para geração de energia solar. A iniciativa faz parte das medidas para ampliar a oferta de energia e atravessar o período seco.

 

De acordo com o Ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, os testes do projeto-piloto começarão em três meses. O ministro disse que a ideia é ter uma política pública de financiamento para esses projetos na região Sudeste no segundo semestre de 2015.

 

Essa tecnologia já está sendo adotada por países da Europa e pelos EUA. O ministro ressaltou, porém, que a Europa não dispõe de grandes hidrelétricas, e que “estão fazendo isso em pequenos reservatórios de água para usos múltiplos.”

 

No Brasil a proposta é testar o sistema nos grandes reservatórios, começando pela Usina Hidrelétrica de Balbina. Para Braga, este reservatório é mais favorável por ter grande área alagada com reduzida geração de energia (de 125 megawatts médios). “Temos uma ociosidade de subestação e de linhas de transmissão com circuito duplo. Nós vamos fazer lá os primeiros 350 megawatts (MW) testados”, ele afirma. O projeto está sendo discutido com Eletronorte e Chesf, proprietárias das usinas de Balbina e Sobradinho, respectivamente, nas quais a previsão é que os painéis solares a ser instalados tenham capacidade para 5 megawatts cada.

 

 

Ministro de Minas e Energia diz que Brasil está mais longe de qualquer risco de racionamento

O risco de o Brasil enfrentar um déficit de energia se reduziu em abril, em comparação ao mês anterior, de acordo com dados apresentados pelo Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, a senadores durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado na ultima quarta-feira (08/4).

 

“O Brasil vive em equilíbrio estrutural do Setor Elétrico, temos capacidade estrutural de atender o sistema. A cada dia estamos nos afastando confiavelmente e celeremente de qualquer situação de racionamento”, disse Braga.

 

No início deste mês, o risco de déficit de energia elétrica nas regiões Sudeste e Centro-Oeste caiu para 4,9%, dentro do risco estrutural o sistema elétrico, contra os 6,1% registrados em março. Para a região Nordeste, Braga afirmou que o risco se mantém em 1,2%.

Braga comparou os dados de armazenamento atuais dos reservatórios com os de 2001. E mostrou embora exista menos água, não tivemos racionamento, pois foram ampliadas as linhas de transmissão e fontes de geração que não dependem da hidrologia.

 

O ministro destacou que sua pasta reforçou o acompanhamento de projetos prioritários de geração e transmissão de energia, com o objetivo de evitar atrasos em obras. Entre esses projetos está a linha Manais-Boa Vista, que aguarda apenas a comunicação de anuência da Funai, esperada há mais de um ano.

 

O ministro apresentou aos senadores os principais projetos da pasta, como o incentivo à geração distribuída – quando a geração da energia é feita em escalas menores próximas do consumo, até mesmo pelos próprios consumidores. Braga afirmou que no segundo semestre deste ano será lançado um grande programa de estímulo a esses projetos.

 

Entre os esforços para estimular a geração distribuída, o ministro destacou a proposta de desonerar essa energia, tanto por parte dos Estados, no ICMS, por meio de convênio que será debatido pelas secretarias de Fazenda no Confaz em reunião hoje (10/04), quanto pelo governo federal, com redução do impacto do PIS e Cofins.

 
Energia Solar Fotovoltaica
A adoção de novas tecnologias para gerar energia elétrica está entre as prioridades do MME, explicou Braga aos senadores. O ministro detalhou o projeto de instalar flutuadores nos reservatórios das usinas hidrelétricas com placas coletoras solares para geração de energia fotovoltaica, e apresentou iniciativas similares já em curso em outros países. A expectativa é que com a tecnologia seja possível gerar energia em quantidade similar ao que é produzido por uma grande usina hidrelétrica nova.

 

Segundo o ministro, o projeto-piloto de instalação desses flutuadores será feito nas hidrelétricas de Balbina (AM) e Sobradinho (BA), e deve utilizar apenas cerca de 1% da superfície dos reservatórios para colocação das placas.

 

A iniciativa será submetida a testes em 120 dias, e caso seja comprovada sua viabilidade, afirmou o ministro, poderá ser implantada com baixo custo a longo prazo, com aproveitamento das linhas de transmissão já existentes nas usinas hidrelétricas, atualmente com capacidade ociosa devido ao regime hidrológico de poucas chuvas.

 

“Essa é uma tecnologia que tem menos de três anos. Estamos fazendo vários testes e acompanhando iniciativas similares pelo mundo”, disse Braga. “Queremos fazer um projeto de 5 MW, para termos certeza do fator de capacidade, da incidência dos raios solares e da umidade, e da capacidade de produzir e transmitir a energia”, completou.

 

Fonte: Ministério de Minas e Energia http://bit.ly/1FrHs2E

 

 

O governo não quer que você tenha painéis solares em casa

Pense num país quente, onde o sol brilha o ano inteiro e que, um belo dia, dá-se conta de que tem justamente nessa luminosidade uma fonte de energia limpa, inesgotável e cada vez mais barata. Mesmo possuindo grandes reservas de petróleo, esse país resolve apostar pesado na energia solar, que ignorou solenemente durante anos. Já adivinhou que país é esse? Isso mesmo: bem-vindo à Arábia Saudita.

 

Sim, a Arábia Saudita, o maior exportador mundial de petróleo, símbolo da resistência atávica a qualquer coisa que tenha relação com energias renováveis; sim, a Arábia Saudita, o vilão das conferências do clima da ONU; a petroditadura feudal e retrógrada. Pois essa mesma Arábia Saudita planeja instalar 6 gigawatts de energia solar fotovoltaica nos próximos cinco anos. É o equivalente à potência instalada das duas usinas do rio Madeira. Em 2032, os sauditas planejam ter em seu deserto e em suas casas o equivalente a mais de uma Itaipu em energia solar.

 

E o Brasil? Temos um território maior e muito mais horas de sol o ano inteiro do que a Arábia Saudita. Nosso potencial de radiação solar equivale a 20 vezes toda a atual capacidade instalada de produção de energia elétrica. No entanto, os planos do governo até agora para essa fonte são modestíssimos: 2 gigawatts instalados até 2023, ou um terço do que os árabes planejam instalar em cinco anos.

 

É difícil atribuir esse atraso brasileiro a quaisquer outros fatores que não sejam miopia dos planejadores energéticos e preconceito. Este último fator vem de cima para baixo: a própria presidente Dilma Rousseff já se referiu à energia fotovoltaica como “fantasia”, dizendo em 2012 que não era possível iluminar um país somente com sol e vento. A China discorda: nos próximos 15 anos, o gigante terá elevado sua capacidade fotovoltaica para 100 gigawatts, o equivalente a quase dois terços de todo o parque gerador do Brasil.

 

Neste aspecto, a ex-guerrilheira Dilma tem um pensamento surpreendentemente próximo do dos eletrocratas formados na escola das grandes obras de energia da ditadura. Para essa turma, investir em uma nova tecnologia que custava caro era uma burrice, quando o país tinha tanto potencial hidrelétrico ainda a aproveitar na Amazônia (que grande parte desse potencial esteja em unidades de conservação, terras indígenas e outras áreas sensíveis nunca foi um impeditivo, como não era no tempo dos militares). O resultado disso está todo mês na nossa conta de energia: quando as chuvas faltaram para as hidrelétricas, o governo botou na matriz térmicas a gás, carvão e óleo combustível – mesmo tendo prometido recentemente que o carvão seria banido do Brasil.

 

O governo brasileiro não foi o único a desprezar a energia solar. Nos EUA, durante a administração de George W. Bush, o lobby fóssil impediu que incentivos fossem dados a energias renováveis para competir com as já estabelecidas e mimadas fontes fósseis. Como resultado, a principal fábrica americana de painéis solares, a First Solar, precisou se mudar para a Alemanha.

 

A partir de 2008, com a eleição de Barack Obama e um novo foco em fontes renováveis, o cenário começou a clarear para a energia fotovoltaica. A indústria respondeu rapidamente: a capacidade instalada subiu de quase zero em 2006 para 20 gigawatts em 2014 e hoje 36% das novas instalações elétricas nos EUA são dessa fonte; o preço de um painel fotovoltaico caiu 63% somente entre 2010 e 2014, e a indústria solar americana, que antes gerava empregos de qualidade na Alemanha, hoje emprega mais gente nos EUA que a mineração de carvão. Outros países, como a Espanha e a Grécia, também investiram nessa indústria como uma saída para a crise econômica.

 

No ensolarado Brasil, a primeira medida séria de incentivo à energia fotovoltaica só foi adotada em 2012: uma resolução da Aneel que permite a quem tiver painéis solares em sua casa trocar energia com a rede – e, assim, economizar até 80% da conta de luz por mês, ao produzir a própria eletricidade durante o dia. A resolução, porém, não veio acompanhada de nenhuma outra medida, como uma campanha ou incentivos tributários (dados à indústria automobilística e aos combustíveis fósseis). O resultado é que, quase três anos depois, apenas 409 residências instalaram painéis solares em todo o país. Nos EUA, são 400 mil. A cada três minutos uma nova instalação solar é feita.

 

Quando enfim a energia solar elétrica foi agraciada com o direito de competir em leilões de energia, em 2014, o governo viu o tamanho da oferta reprimida: foi o leilão mais competitivo da história, com o megawatt vendido a R$ 214. Parece caro? Pois o carvão mineral, que fez seu retorno triunfal à matriz energética brasileira também em 2014, foi leiloado a R$ 206. E isso à custa de um pacote de bondades que incluiu aumento no preço mínimo e isenção de tributos.

 

Sem o argumento do preço, sobra aos eletrocratas o tigre de papel da intermitência: a energia solar jamais poderá estar na “base” porque não produz à noite. O chamado fator de capacidade da fonte é de cerca de 25%. Pode até ser verdade. Mas esses mesmos planejadores não hesitam em gastar R$ 28 bilhões numa usina hidrelétrica como Belo Monte, que tem fator de capacidade de 42% e que pode chegar ao fim de sua vida útil com metade disso devido ao impacto das mudanças climáticas. Se ganhasse o direito de entrar na matriz em escala americana (ou pelo menos saudita), a energia solar poderia compor com a eólica para poupar os reservatórios das hidrelétricas do Centro-Sul, que formam a nossa “energia firme”. A opção do Palácio do Planalto, porém, parece ser até aqui a de deixar o país sem energia e poluindo mais ao mesmo tempo.

 

Isso pode estar mudando com a entrada em cena de um ator novo na política energética: o ministro Eduardo Braga (PMDB). Engenheiro eletricista, Braga aparentemente aprendeu alguma matemática na universidade e concluiu que o Brasil não perde nada se aproveitar seu potencial solar. Prometeu tirar PIS e Cofins dos painéis solares, como o governo fez com o carvão, e aprovar uma redução de ICMS. Já marcou dois leilões de energia fotovoltaica para este ano e andou falando em instalar painéis solares nos reservatórios das hidrelétricas. Nos próximos meses, com a estação seca chegando, Braga terá a oportunidade de mostrar se fala sério sobre o assunto. Quem sabe ele convence sua chefe a tomar um pouco de sol para clarear as ideias.

 

Fonte: Blog do Planeta – Revista Época http://glo.bo/1bPKsck