PERSPECTIVAS DOS SETORES DE ENERGIA LIMPA PARA OS PRÓXIMOS 10 ANOS

Confira o balanço do  Jornal Canal Da BioEnergia em que a Neosolar foi destaque, sobre os principais acontecimentos do segmento energético nos últimos dez anos e uma perspectiva para a  próxima década.

 

Sucroenergético

 

Goiás é hoje o 2° maior produtor de cana-de-açucar e de etanol do país e 4° maior produtor de açúcar. O governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo, comentou durante o Ethanol Summit 2015, que em 1999 havia apenas 12 usinas no Estado, com quase nenhum destaque na produção nacional de etanol e açúcar.

 

“Foi então, que nos aproximamos do setor produtivo e definimos juntos uma série de medidas de competitividade. Editamos leis, facilitamos crédito e desoneramos ICMS para conduzir o crescimento do setor. O resultado veio a contento: o número de usinas em Goiás mais que  triplicou e nossa produção cresceu 10 vezes nos últimos 15 anos.”

 

Hoje, são 37 usinas moendo cana em solo goiano. “Goiás é o Estado que mais cresce em área plantada de cana e em volume de produção do biocombustível. A cadeia produtiva da cana gera cerca de 100 mil postos de trabalho e a produção já é maior que toda a produção da Região Nordeste. Temos ainda perspectivas de avançar no portfólio de produtos da chamada nova fronteira do etanol: mais usinas produzindo a agroenergia ou bioeletricidade  e a produção de álcool para finalidades químicas mais nobres, ou de diesel a partir da cana”, analisa Perillo.

 

André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético e do Sifaeg/Sifaçúcar, comenta que na última década o setor sucroenergético teve um crescimento acentuado em todo País. “No entanto,  de 2011 pra cá as empresas do setor sofreram grandes prejuízos. Houve fechamento de unidades produtoras de açúcar e etanol, bem como empresas do segmento que entraram em recuperação judicial ou declararam falência, gerando desemprego, fechamentos de lojas de insumos e máquinas agrícolas e de demais segmentos da cadeia produtiva.”

 

No Estado de Goiás, a crise foi um pouco menor, se comparada com São Paulo e Minas Gerais.  “Apesar dos incentivos governamentais existentes em Goiás manterem o Estado em uma situação menos grave, as empresas daqui também sofreram e ainda sofrem com a crise. Temos quatro unidades que estão em recuperação judicial, e duas optaram por não realizar a safra neste ano, pois não queriam correr o risco do prejuízo” ressalta. André cita também a capacidade que as usinas possuem para cogerar energia utilizando o bagaço da cana.  “Nesse contexto atual de crise de energia, nosso setor tem condições de, em dois ou três anos, colocar no mercado o correspondente a uma Itaipu com o retrofit. Isso é sem dúvida um fator altamente positivo para as usinas” afirma.

 

Em meio a esse cenário difícil, o retorno da CIDE, aumento da mistura do etanol anidro na gasolina e os leilões específicos para energia proveniente de biomassa, deram certo alento para as empresas em todo o país. “Porém, precisamos de outras políticas públicas para o setor crescer novamente“, diz o executivo. Rocha acredita que o governo federal precisa estar atento ao endividamento do setor para dar sobrevida às empresas. “É possível promover incentivos de créditos para que usinas possam ampliar a produção e investir em pesquisas e tecnologia por meio de políticas públicas, oferecendo condições de melhoria da produtividade. Apesar das dificuldades, nosso olhar para o futuro é de esperança. Nosso setor tem potencial para alavancar cada vez mais o desenvolvimento brasileiro. Basta que as medidas governamentais venham logo.”

 

A bioeletricidade é um produto cada vez mais promissor para as usinas. Em 2005, a capacidade instalada no setor sucroenergético era de 1.755 MW. Hoje, o Brasil tem um total de 10.152 MW de capacidade instalada, ou seja, entre 2004 e 2015, houve um incremento de 8,4 mil MW, o equivalente a 60% de uma Usina Itaipu, segunda maior geradora do mundo.

 

Zilmar de Souza, gerente de Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), avalia que em termos de geração de energia efetiva para a rede elétrica, a evolução e o desempenho também foram significativos. “Em 2014, o total gerado para a rede foi de 19,4 TWh, representando um aumento de 18,3 TWh no período 2005/2014, o equivalente a 46% do que a usina Belo Monte irá gerar anualmente quando estiver operando plenamente”, exemplifica. Apesar deste desempenho, há grande preocupação com o futuro da bioeletricidade na matriz energética do País. Em 2010, a fonte biomassa chegou a instalar 1.750 MW, mas em 2015 a previsão é que a fonte seja responsável por apenas 533 MW, ou seja, apenas 30% do que foi instalado em 2010. “A média de acréscimo de potência prevista entre 2016 e 2018 é mais preocupante ainda: somente 210 MW por ano. O indicador mostra uma capacidade produtiva que precisa ser estimulada. Tudo isso só será possível com uma política setorial clara de longo prazo, que irá incitar a produção de bioeletricidade em conjunto com o etanol”, adianta.

 

Energia eólica

 

A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, relembra que em 2004 o governo brasileiro regulamentou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Essa foi a primeira vez que se contratou as fontes renováveis complementares.

 

“O leilão aconteceu em 2004 e 2005. Naquela época, foram contratadas fontes eólica, biomassa e solar numa modelagem de subsídio, porque essas fontes tinham um custo muito ato. Foi a primeira vez que a fonte eólica foi contratada no Brasil – era seis vezes mais cara que hidrelétrica”, comenta.  Em 2009, aconteceu o primeiro leilão competitivo da fonte eólica, já sem subsídios, no qual foram acordados preços cerca de 50% mais baixos que no Proinfa.

 

De acordo com Elbia, esse avanço só foi possível porque a energia eólica evoluiu bastante, além do aprendizado que o Brasil teve em termos de produção. “Foi isso que nos permitiu participar de um leilão a preço competitivo”, afirma.

 

No ano de 2011, a fonte eólica foi a segunda mais competitiva do Brasil e de 2009 até hoje, 50% da energia contratada no Brasil é de fonte eólica. Nos últimos cinco anos, 14 gigawatt (GW) foram contratados. “O Brasil descobriu que tem os melhores ventos do mundo e por isso consegue produzir a fonte mais barata do planeta. Por isso a fonte eólica passou a ser importante na matriz brasileira. Hoje, estamos com 6.8 GW instalados operando. Vamos encerrar o ano com 9.8 GW instalados”, diz Elbia.

 

O Brasil foi o quarto país que mais investiu em fonte eólica em 2014 e foi considerado o segundo mais atrativo para energia eólica, ficando atrás somente da China. Élbia é otimista quanto aos próximos anos. “Nossa perspectiva futura é das melhores possíveis. O Brasil é renovável por definição. Pela escassez da hidrelétrica, o Brasil vai tentar uma matriz elétrica diversificada futuramente.” Além de se tratar de uma matriz sustentável do ponto de vista ambiental, Élbia ressalta que a diversidade de fontes elétricas também é interessante para o País.

 

Não só de bons ventos deve ser o futuro. O principal desafio a ser enfrentado está relacionado à implantação da cadeia produtiva e equipamentos. É preciso garantir transmissão para os próximos leiloes. “Precisamos garantir que esses leilões de transmissão saiam a tempo para que a gente consiga implementar os parques. Precisamos de periodicidade dos leilões de transmissão” finaliza.

 

Biodiesel

 

Em 2015, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) está completando 11 anos e o Brasil já ocupa a segunda posição como maior produtor de biodiesel no mundo. “A ampliação do mercado brasileiro de biodiesel, viabilizada pela evolução do PNPB, vem mudando a economia agrícola e contribuindo para melhorar a estrutura socioeconômica em todas as regiões do País”, diz o presidente do Conselho Superior da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Juan Diego Ferrés.

 

Atualmente, de acordo com Ferrés, o PNPB adquire a produção de mais de 250 mil agricultores familiares, triplicando a renda média desses mesmos agricultores em cinco anos e reduzindo o custo de produção de alimentos, ao integrar parte dessa produção agrícola à criação de gado, suínos e aves. “Além disso, estimamos que, em 2015, 800 mil toneladas de resíduos agropecuários serão transformadas em energia, proporcionando um uso nobre para o sebo bovino e óleo residual, eliminando formas de descarte inadequadas que contaminavam o solo e os cursos de água, por exemplo.”

 

Julio Cesar Minelli, diretor-superintendente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO), também aponta o PNPB como um dos principais avanços dos últimos 10 anos. Ele relembra que o sucesso do programa foi tanto, que os empresários, acreditando na sua expansão continuada, investiram cerca de R$ 4 bilhões para construir um parque fabril de mais de 60 usinas, gerando mais de 100 mil empregos diretos.

 

Férres acredita que o Biodiesel é “o ‘pré-sal verde’ do Brasil”. Segundo ele, o PNPB vem mostrando sua capacidade de captar as potencialidades regionais e transformá-las em desenvolvimento do agronegócio, da pesquisa e inovação e, especialmente, no âmbito da agricultura familiar, além do estímulo à interiorização da indústria.

 

Desde julho de 2013, o preço do biodiesel no País tornou-se competitivo com o preço internacional do diesel de petróleo. Já em 2015, o biodiesel tem sido significativamente mais barato que o combustível fóssil consumido no Brasil. “Em dez anos, avanços tecnológicos e economia de escala reduziram em cerca de 40% o seu custo”, comemora Férres.

 

Combinados a isso, estão os benefícios ambientais e de saúde pública resultantes da redução de emissões de poluentes e gases do efeito estufa provenientes do diesel fóssil. Por ser isento de enxofre e reduzir significativamente a emissão de material particulado, a adição de biodiesel no diesel fóssil evita transtornos causadas pela poluição do ar. Com o B7, vigente no Brasil desde novembro de 2014, aproximadamente 9 milhões de toneladas de CO2 deixam de ser lançadas na atmosfera, anualmente, o que equivale ao plantio de cerca de 50 milhões de árvores.

 

Minelli diz que o Brasil é o segundo maior produtor mundial do combustível renovável, com o aumento da mistura para 7% no ano passado. A produção projetada para 2015 é de 4,2 bilhões de litros. Até dezembro próximo, o país terá produzido algo em torno de 21,6 bilhões de litros no acumulado desde que começou a atividade, em janeiro de 2005. “Só de 2008 a 2011, quando a mistura passou de 2% para 5%, a atividade agregou R$ 12,5 bilhões ao Produto Interno Bruto do Brasil e economizou R$ 11,5 bilhões em importações de óleo diesel na balança comercial.” Juan Ferrés aponta que as próximas ações do setor devem estar pautadas no objetivo comum de garantir à sociedade melhoria da qualidade do ar, gerar bem estar e cooperar para o futuro sustentável, com ações baseadas na inovação e no conhecimento, assim como as decisões do governo, da sociedade e do setor produtivo.

 

Com relação aos desafios, Minelli considera que foram muitos no caminho da consolidação do setor. “Um dos principais, com certeza, foi a superação da fronteira tecnológica para atingir uma qualidade de padrão internacional, em atendimento a critérios de especificidade técnica dos mais rigorosos do mundo, superiores aos da Europa, estabelecidos pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.”

 

Assim, o biodiesel brasileiro é, segundo Minelli, um dos melhores do mundo, atendendo, inclusive, mercados europeus em exportações experimentais que algumas empresas fizeram no ano passado, mesmo sem uma política de exportação, que privilegie a agregação de valor.

 

A Ubrabio defende um novo Marco Regulatório do Biodiesel, garantido previsibilidade de mercado para balizar as decisões da indústria. A entidade também está empenhada na consolidação da Plataforma Nacional de Biorrefinarias Integradas (Plataforma BioBrasil), no âmbito do Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento, sob o comando do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e na estruturação de plataformas regionais de bioquerosene, bem como da Plataforma Nacional de Bioquerosene. “Esse é o caminho que o país deve trilhar nos próximos anos, articulando o sistema empresarial com pesquisa e inovação para gerar avanço científico com impactos diretos na vida da população brasileira”, conclui Ferrés.

 

Minelli reafirma a importância do novo marco regulatório, que transmita segurança jurídica e regulatória e garanta os investimentos para atender o abastecimento do mercado com continuidade e qualidade. “Além disso, o setor produtivo reivindica o aumento imediato da mistura e a progressividade até B10 ou mais; a oportunidade para o aumento do uso para B20 em regiões metropolitanas; o uso voluntário de misturas superiores à obrigatória onde for vantajoso localmente, como nos estados produtores, por exemplo; emprego de B30 a B100 em máquinas agrícolas; inclusão do biodiesel na agenda estratégica da Conferência do Clima das Nações Unidas em dezembro deste ano em Paris (COP21); e uma política para a exportação.”

 

Em 2015, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) está completando 11 anos e o Brasil já ocupa a segunda posição como maior produtor de biodiesel no mundo. “A ampliação do mercado brasileiro de biodiesel, viabilizada pela evolução do PNPB, vem mudando a economia agrícola e contribuindo para melhorar a estrutura socioeconômica em todas as regiões do País”, diz o presidente do Conselho Superior da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Juan Diego Ferrés.

 

Atualmente, de acordo com Ferrés, o PNPB adquire a produção de mais de 250 mil agricultores familiares, triplicando a renda média desses mesmos agricultores em cinco anos e reduzindo o custo de produção de alimentos, ao integrar parte dessa produção agrícola à criação de gado, suínos e aves. “Além disso, estimamos que, em 2015, 800 mil toneladas de resíduos agropecuários serão transformadas em energia, proporcionando um uso nobre para o sebo bovino e óleo residual, eliminando formas de descarte inadequadas que contaminavam o solo e os cursos de água, por exemplo.”

 

Julio Cesar Minelli, diretor-superintendente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO), também aponta o PNPB como um dos principais avanços dos últimos 10 anos. Ele relembra que o sucesso do programa foi tanto, que os empresários, acreditando na sua expansão continuada, investiram cerca de R$ 4 bilhões para construir um parque fabril de mais de 60 usinas, gerando mais de 100 mil empregos diretos.

 

Férres acredita que o Biodiesel é “o ‘pré-sal verde’ do Brasil”. Segundo ele, o PNPB vem mostrando sua capacidade de captar as potencialidades regionais e transformá-las em desenvolvimento do agronegócio, da pesquisa e inovação e, especialmente, no âmbito da agricultura familiar, além do estímulo à interiorização da indústria.

 

Desde julho de 2013, o preço do biodiesel no País tornou-se competitivo com o preço internacional do diesel de petróleo. Já em 2015, o biodiesel tem sido significativamente mais barato que o combustível fóssil consumido no Brasil. “Em dez anos, avanços tecnológicos e economia de escala reduziram em cerca de 40% o seu custo”, comemora Férres.

 

Combinados a isso, estão os benefícios ambientais e de saúde pública resultantes da redução de emissões de poluentes e gases do efeito estufa provenientes do diesel fóssil. Por ser isento de enxofre e reduzir significativamente a emissão de material particulado, a adição de biodiesel no diesel fóssil evita transtornos causadas pela poluição do ar. Com o B7, vigente no Brasil desde novembro de 2014, aproximadamente 9 milhões de toneladas de CO2 deixam de ser lançadas na atmosfera, anualmente, o que equivale ao plantio de cerca de 50 milhões de árvores.

 

Minelli diz que o Brasil é o segundo maior produtor mundial do combustível renovável, com o aumento da mistura para 7% no ano passado. A produção projetada para 2015 é de 4,2 bilhões de litros. Até dezembro próximo, o país terá produzido algo em torno de 21,6 bilhões de litros no acumulado desde que começou a atividade, em janeiro de 2005. “Só de 2008 a 2011, quando a mistura passou de 2% para 5%, a atividade agregou R$ 12,5 bilhões ao Produto Interno Bruto do Brasil e economizou R$ 11,5 bilhões em importações de óleo diesel na balança comercial.” Juan Ferrés aponta que as próximas ações do setor devem estar pautadas no objetivo comum de garantir à sociedade melhoria da qualidade do ar, gerar bem estar e cooperar para o futuro sustentável, com ações baseadas na inovação e no conhecimento, assim como as decisões do governo, da sociedade e do setor produtivo.

 

Com relação aos desafios, Minelli considera que foram muitos no caminho da consolidação do setor. “Um dos principais, com certeza, foi a superação da fronteira tecnológica para atingir uma qualidade de padrão internacional, em atendimento a critérios de especificidade técnica dos mais rigorosos do mundo, superiores aos da Europa, estabelecidos pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.”

 

Assim, o biodiesel brasileiro é, segundo Minelli, um dos melhores do mundo, atendendo, inclusive, mercados europeus em exportações experimentais que algumas empresas fizeram no ano passado, mesmo sem uma política de exportação, que privilegie a agregação de valor.

 

A Ubrabio defende um novo Marco Regulatório do Biodiesel, garantido previsibilidade de mercado para balizar as decisões da indústria. A entidade também está empenhada na consolidação da Plataforma Nacional de Biorrefinarias Integradas (Plataforma BioBrasil), no âmbito do Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento, sob o comando do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e na estruturação de plataformas regionais de bioquerosene, bem como da Plataforma Nacional de Bioquerosene. “Esse é o caminho que o país deve trilhar nos próximos anos, articulando o sistema empresarial com pesquisa e inovação para gerar avanço científico com impactos diretos na vida da população brasileira”, conclui Ferrés.

 

Minelli reafirma a importância do novo marco regulatório, que transmita segurança jurídica e regulatória e garanta os investimentos para atender o abastecimento do mercado com continuidade e qualidade. “Além disso, o setor produtivo reivindica o aumento imediato da mistura e a progressividade até B10 ou mais; a oportunidade para o aumento do uso para B20 em regiões metropolitanas; o uso voluntário de misturas superiores à obrigatória onde for vantajoso localmente, como nos estados produtores, por exemplo; emprego de B30 a B100 em máquinas agrícolas; inclusão do biodiesel na agenda estratégica da Conferência do Clima das Nações Unidas em dezembro deste ano em Paris (COP21); e uma política para a exportação.”

 

Energia solar

 

O mercado da energia solar mudou significativamente nos últimos 10 anos no Brasil. Em 2005, os sistemas, ainda caros, eram dedicados apenas a áreas remotas (sistemas off-grid) como alternativa aos altos custos de levar a rede elétrica até estes locais. O sócio-diretor da Neosolar Energia, Raphael Pintao, recorda que, “mesmo para as aplicações off-grid, o mercado era muito limitado e os principais clientes eram indústrias específicas, como telecomunicações e plataformas de petróleo, programas estatais, além de soluções de bombeamento de água”.

 

Atualmente, os sistemas conectados à rede (grid tie) já ultrapassam as aplicações off-grid e essa é uma tendência sem volta. “Estamos partindo para o 2º leilão significativo de geração centralizada e a geração distribuída, para autoconsumo, tem crescido exponencialmente com os aumentos da tarifa de energia e redução dos custos do sistema fotovoltaico”, comemora Raphael.

 

Do ponto de vista regulatório, as mudanças ocorreram especialmente com a RN 482 em 2012, que permite aos consumidores gerarem a própria energia. Essa resolução está sendo revista para viabilizar novos modelos de negócio e reduzir a burocracia envolvida na homologação dos sistemas. Também surgiram programas de avaliação de conformidade e certificação de equipamentos, que também têm sido revistos para atender à realidade do mercado e dar as garantias necessárias para um crescimento sustentável.

 

“Para a próxima década, pode-se esperar um crescimento exponencial no mercado. Mundialmente esse movimento já tem acontecido a um ritmo de 40% a 50% ao ano e, no Brasil, com o preço crescente das tarifas, alta irradiação e mercado ainda inexplorado, a tendência é de crescimento ainda maior”, visualiza Raphael Pintao.

 

Quanto aos desafios, Raphael destaca que além dos regulatórios, o maior de todos é o financiamento. “A energia solar demanda um investimento inicial alto e dá retorno por 25 ou 30 anos. Portanto o financiamento de baixo custo e longo prazo é uma questão crucial. As taxas de juros no Brasil são muito altas e incompatíveis com este tipo de mercado. As iniciativas criativas do governo e do próprio mercado serão importantíssimas para determinar o ritmo pela próxima década.”

 

Biogás

 

No setor de biogás os avanços também foram notórios. Conforme ressalta o diretor-presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (CIBiogás), Rodrigo Regis de Almeida, o biogás, biocombustível obtido por meio da transformação de dejetos de animais e resíduos industriais, capaz de gerar energia elétrica, térmica e veicular, além biofertilizante, tem ocupado lugar de grande destaque na Matriz Energética Brasileira e mundial.

 

“Nos últimos anos, o CIBiogás conseguiu transpor inúmeras barreiras à implantação desse biocombustível e acompanhar e participar de importantes conquistas. Principalmente em 2014, órgãos e entidades regulamentadoras lançaram novas resoluções que facilitam o avanço das energias renováveis. Com isso, não apenas a geração de eletricidade pelo biogás foi beneficiada, mas também sua capacidade em gerar energia térmica e veicular”, diz.

 

Um exemplo dessa evolução foi o progresso na resolução 482/12, da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que beneficia microgeradores de fontes renováveis. Agora, eles podem conectar-se à rede de distribuição e ganhar créditos – em quilowatt/hora (kWh) – pela energia gerada e não consumida por sua propriedade.

 

Outro avanço percebido por Rodrigo Reges foi estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) por meio da resolução 08/15. “A instituição regulamentou o uso do biometano, que pode ser usado, principalmente, como biocombustível em veículos. O seu uso pode reduzir 50% dos gastos em relação ao diesel, além de diminuir – em até 70% – a emissão de gás carbônico na atmosfera, em comparação com a gasolina e o diesel.”

 

Para confirmar a importância do papel das energias alternativas, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) publicou um estudo que define o cenário, o aumento da demanda e a necessidade da geração de energia segura, eficiente e distribuída.

 

“Nesse contexto, o biogás vem ganhando lugar de destaque por solucionar problemas ambientais, ao retirar grande quantidade de dejetos de animais ou detritos industriais do ambiente, e econômico, ao fomentar a renda de pequenos e médios produtores rurais”, comenta Rodrigo. Além disso, ele diminui problemas sociais, como no caso dos lixões e aterros sanitários, e pode ser fundamental na crise energética mundial.

 

Já para os próximos anos, o diretor da CIBiogás espera que as instituições do setor possam superar desinformações e desconhecimentos em relação ao biogás. “Isso gerará confiança em torno desse importante biocombustível, fazendo com que ele tome frente ao lugar que lhe é de direito.”

 

Uma outra perspectiva

 

Walfrido Avila, presidente da Trade Energy, tem uma visão um pouco mais polêmica sobre as questões energéticas do Brasil. Segundo ele, nos últimos anos o país procurou algumas novas fontes de energia, como a eólica e solar, que timidamente começaram a se desenvolver e aparecer no balanço energético do brasil.

 

“Vieram, assim, uma potência instalada bastante expressiva. Em compensação, nós perdemos nosso volume de reservatório hidro, que é a maior fonte renovável”, analisa Avila. Segundo ele, o que se perdeu foi maior que o avanço das eólicas. “Vejo isso como não muito significativo. Deveríamos ter feito os reservatórios corretos nos locais adequados. Perdemos capacidade de armazenamento e por isso diminuímos nossos avanços em energia renovável.”

 

Walfrido acredita que ao longo dos anos, principalmente por entraves políticos em todos os níveis, o Brasil deveria ter aproveitado com mais inteligência seu maior recurso: o hidráulico. “Nós estamos brincando com isso e é por isso que temos uma das energias mais caras do mundo.”

 

A questão dos altos impostos também foi colocada em pauta pelo especialista. Conforme explica, nos outros países as taxas são de 6% a 9% de imposto único sobre a energia. No Brasil, com as guerras fiscais entre estados, 50% do valor pago é de impostos. “Temos a energia mais cara do mundo. Somos campeões!”, ironiza.

 

Para o futuro, as perspectivas, na visão de Walfrido não são boas, já que ele não vê uma vontade política em melhorar a atual situação. “Hoje, o desafio é esse: se nos não tivermos vontade política isso não vai mudar. Se não mudar não vamos ter energia competitiva. Precisamos ter profundo conhecimento do que estamos fazendo para não comprometer as gerações que estão chegando.”

 

Quanto à produção exacerbada de energia, Walfrido acredita que certos interesses secundários têm sido sobrepostos ao coletivo. “Do jeito que estamos indo está começado a sobrar energia. Não sei porque as térmicas estão ligadas ainda, estão causando só prejuízo ao brasileiro. O consumidor é quem está pagando, ele não tem alternativa.”

 

Em época de crise, a solução apontada por Walfrido seria dar prioridade à indústria nacional, a fim de criar empregos, e movimentar a economia. “Devemos buscar o que se pode fazer com nossa força de trabalho brasileira. A gente só vai sair dessa crise trabalhando.”

 

Fonte: Jornal Canal da Bio Energia http://bit.ly/1hlxmpT

LEILÃO DE ENERGIA A-3 CONTRATA 669,52 MW COM PREÇO MÉDIO DE R$188,87 POR MWH

O leilão de A-3 contratou, na ultima sexta feira (21), 669,5 megawatts em potência instalada, a um preço médio de 188,87 reais por megawatt-hora, segundo informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

 
O certame realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para entrega de energia a partir de 2018, foi dominado pelas usinas eólicas, com 538,8 megawatts, seguidas pelas pequenas centrais hidrelétricas, com 66,2 megawatts, e pelas térmicas a biomassa e gás natural, que somaram 64,5 megawatts em capacidade.

 
Do lado das distribuidoras de energia, que entram no certame como compradoras, os destaques foram Light, responsável por 16,6 por cento da contratação no leilão, seguida por Copel, com 14,4 por cento, e Celesc, com 9,2 por cento.Já a AES Eletropaulo contratou apenas 1,6 por cento do total demandado, e a Cemar, da Equatorial Energia, apenas 0,4 por cento.

 
Nos últimos dias já pressiona as companhias do setor a notícia de que o governo se dispôs a reconhecer e compensar o atual rombo das geradoras de energia referente ao risco hidrológico, por meio da Medida Provisória 688 publicada na véspera. A questão é saber como se dará essa compensação e qual o preço das contrapartidas exigidas para travar o risco incorrido na geração de energia abaixo do previsto em contrato.

 
O BTG Pactual lembra, em relatório, que o governo não está (corretamente) dando um “almoço grátis” às geradoras, já que aceitar a proposta terá que pagar um “prêmio de risco”, espécie de seguro, para conta de bandeiras tarifárias, e contratar energia reserva – por meio de fonte solar, eólica ou térmica de baixo custo – para fazer um colchão para tempos de seca. O banco comenta, no entanto, que ainda aguarda uma nota técnica da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para começar a fazer as contas.

 

Fonte: Infomoney http://bit.ly/1Nwd6PS

 

Plano de investimentos do governo é vago e traz pouca novidade ao setor

Confira matéria do jornal DCI em que a Neosolar Energia foi destaque

 

Entidades e empresários reclamaram da ausência de novos empreendimentos e da falta de um programa de financiamento para projetos, especialmente em geração com fontes renováveis.

 

O Plano de Investimento em Energia Elétrica divulgado ontem pelo governo trouxe poucas novidades. Embora o setor acredite que a medida vai facilitar o planejamento de longo prazo, entidades reclamam da falta de um modelo para atrair investidores privados.

 

O governo federal anunciou a contratação de investimentos de R$ 186 bilhões até 2018 em energia elétrica, considerando projetos já planejados e anunciados anteriormente, sendo R$ 81 bilhões gastos até aquele ano e R$ 105 bilhões a partir de 2019. Do total, serão R$ 116 bilhões para geração e R$ 70 bilhões para transmissão de energia. Esses investimentos representam um implemento de geração de 25 mil megawatts (MW) a 31,5 mil MW, além de 37,6 mil quilômetros em linhas de transmissão.

 

Para o presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, não há no anúncio um projeto novo que tenha chamado atenção. Ele elogia a intenção do governo de divulgar um panorama do mercado, mas afirma ter sentido falta de um detalhamento maior de futuros investimentos, principalmente em hidrelétricas.

 

“O que nos preocupa hoje é que o Brasil sempre teve uma base de energia hidrotérmica e hoje está se tornando termohídrica”, critica o executivo. “É sobre esse movimento que as atenções do governo devem recair.”

 

Para a diretora da Thymos Energia, Thais Prandini, o que mais surpreendeu no Plano foi o volume de recursos que o Planalto prometeu contratar nos próximos anos. Ela questiona se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá uma carteira grande o suficiente para fazer frente a esses investimentos, dado que quase 50% dos aportes hoje são financiados pelo banco.

 

“Fico na dúvida se o BNDES tem todo esse dinheiro”, avalia. Ela condicionou o sucesso do novo plano à capacidade do Ministério de Minas e Energia (MME) de montar leilões que atraiam investidores, sobretudo os internacionais, dado o cenário de alto endividamento das empresas brasileiras.

 

O diretor da NeoSolar Energia, Raphael Pintão, também reclama da falta de detalhamento do plano, sobretudo no que se refere o desenvolvimento da geração distribuída no País. O anúncio, considerado vago pelo executivo, não citou, por exemplo, incentivos à autoprodução de energia elétrica, que poderia reduzir a pressão sobre o sistema elétrico.

 

“O que nos parece é que o governo não enxerga a geração distribuída como solução para os problemas de infraestrutura”, criticou o empresário. “Enquanto em outros países vemos um grande investimento nessa área para controlar a demanda do sistema na hora de pico, no Brasil estamos muito distantes dessa visão.”

 

Ele sugere que o Planalto crie linhas de financiamento para a compra de equipamentos solares, que demandam o aporte de um volume grande de recursos. Hoje, segundo o executivo, o crédito usado para financiar projetos de geração solar é obtido por meio do Construcard, linha da Caixa Econômica Federal voltada para a reforma residencial.

 

Na opinião do empresário, o Plano divulgado “foi decepcionante”. Segundo ele, o mercado esperava um programa de desenvolvimento para o segmento energético muito mais completo e diversificado.

 

O presidente da ABCE celebrou, por outro lado, as sinalizações de que o governo entendeu algumas das demandas do setor. Ele cita, por exemplo, o foco dado na apresentação à hidrelétrica de Tapajós, no Pará, que está parada há anos devido a problemas com o licenciamento ambiental. “Isso mostra que o Ministério está disposto a enfrentar todas as dificuldades inerentes a um grande projeto como esse”, definiu Alexei Vivan.

 

Ele disse também ter recebido com satisfação a fala do ministro de Minas e Energia, que reconheceu que a fuga de investimentos no setor de energia elétrica prejudica o consumidor, e que por isso esses aportes precisam tem uma remuneração adequada. “Tivemos leilões de transmissão e até mesmo lotes de geração nos últimos certames que não encontraram interessados. Isso acendeu uma luz vermelha, mas parece que o governo vai adotar uma postura diferente a partir de agora.”

 

Durante a apresentação do novo plano, Braga garantiu também que pretende aproximar os preços praticados no Brasil e no exterior, após a alta expressiva das tarifas no País devido à crise hídrica. No entanto, Prandini, da Thymos Energia, considera essa meta bastante difícil de ser alcançada. “Precisaremos ainda de uns cinco anos para amortecer os impactos dos custos do déficit de energia sobre as empresas”, estimou.

 

“Todos esses sinais são positivos, o que falta agora é vermos todos os projetos saindo do papel”, afirma Vivan. Para além de incentivar o interesse dos investidores, diz ele, o governo precisará agora garantir o andamento dos projetos e acompanhar de perto para que não ocorram atrasos.

 

Bandeira tarifária

 

A presidente Dilma Rousseff, que participou do evento de divulgação do planejamento, admitiu e considerou ‘lastimável’, o aumento nas contas de luz, mas anunciou uma redução de 15% a 20% no preço da bandeira tarifária vermelha graças ao desligamento de usinas térmicas, na última semana. Após o evento, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Reive Barros, confirmou que a entidade irá abrir consulta pública na próxima quinta-feira, 13, sobre o desconto anunciado.

 
Fonte: Jornal DCI http://bit.ly/1HIzDAI

BRASIL ELABORA PROPOSTA PARA REDUZIR EFEITO ESTUFA

O Brasil está trabalhando na elaboração de um projeto com propostas de redução de emissões de gases de efeito estufa, que será encaminhado ao secretariado da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21) até dia 1º de outubro. A convenção acontecerá em Paris, entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro deste ano.

 

O diretor do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Adriano Santiago, ressaltou que algumas mensagens do governo brasileiro já aparecem na declaração conjunta Brasil/Estados Unidos feita durante a visita da presidente Dilma Rousseff àquele país, em junho. O Brasil firmou compromisso de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares e chegar ao desmatamento ilegal zero até 2030.

 

Na área de energia, a meta é aumentar a participação de fontes renováveis na matriz energética para algo entre 28 e 33%. Para a matriz elétrica, Brasil e EUA se comprometeram a chegar a 2030 com 20% de recursos renováveis. Isto significa para o Brasil duplicar a participação dessas fontes na matriz elétrica.

 

Para o diretor do MMA, os compromissos na declaração conjunta com os EUA “formam a base para a declaração maior do Brasil à COP21”. Outros números serão anunciados posteriormente pelo governo brasileiro.

 

Segundo Santiago, o Brasil está se comprometendo a expandir essas energias.  Ele lembra que o leilão de energia previsto para ocorrer em novembro envolve propostas que somam 39 gigawatts (GW) de capacidade instalada, sendo 21 GW de energia solar fotovoltaica e 18 GW de energia eólica. “É um recorde para esse tipo de fontes renováveis em um leilão de energia”, afirma o diretor.