BOAS NOTÍCIAS

Confira abaixo matéria da Revista Potência em que a Neosolar Energia foi destaque.

 

 

Diante de tanta notícia ruim sobre o desempenho da economia brasileira, duas medidas governamentais anunciadas no mês de agosto trouxeram um certo alento às associações e empresas que atuam no segmento elétrico. Lançado pelo governo federal, o programa de investimento em Energia Elétrica (PIEE) prevê a aplicação de R$ 186 bilhões para a expansão da geração e transmissão no país, a serem contratados entre agosto de 2015 e dezembro de 2018. Já o governo de São paulo publicou decretos que incentivam a produção de eletricidade por parte de micro e minigeradores e a fabricação de peças para os setores solar e eólico. A expectativa é de que essas iniciativas ajudem a movimentar a cadeia de negócios nos setores envolvidos.

 

Dos R$ 186 bilhões anunciados, R$ 116 bilhões serão aplicados em obras de geração. a previsão é de que até 2018 sejam investidos R$ 42 bilhões, e após 2018, os outros R$ 74 bilhões, que irão agregar ao sistema elétrico entre 25.000 MW e 31.500 MW. Quanto à transmissão, até 2018 deverão ser leiloados 37.600 quilômetros de linhas, totalizando investi- mentos de R$ 70 bilhões – R$ 39 bilhões a serem executados até 2018 e R$ 31 bilhões após esse período.

 

Para o presidente da abinee (associação Brasileira da indústria Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato, o piEE surge em um bom momento e deverá gerar oportunidades para as indústrias do setor. “Esta sinalização do governo é positiva e os investi- mentos podem representar verdadeiras alavancas para que o país possa superar o atual momento de dificuldades”, avalia.
O executivo destaca que desde 2012, com a edição da Medida provisória 579, as empresas que fornecem para o setor de energia têm sofrido com o baixo nível de encomendas. No primeiro semestre de 2015, o faturamento da área de GtD (Geração,transmissão e Distribuição) da Abinee apresentou retração de 12%.
Além de ampliar a oferta de energia elétrica no país, o PIEE contribuirá para que as fontes limpas e renováveis continuem predominando na matriz elétrica brasileira. A expansão prevista das fontes renováveis (excluindo hidrelétrica e pequenas centrais hidrelétricas) corresponde a quase a metade da potência adicionada, ou entre 10.000 MW e 14.000 MW. Está prevista a contratação de 4 a 6 mil MW de energia eólica; 2 a 3 mil MW de fonte solar fotovoltaica e de 4 a 5 mil MW de energia térmica a biomassa.

 

A associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) comemorou o lançamento do PIEE.“Trata-se de uma importante iniciativa para a sustentabilidade da cadeia produtiva do setor eólico, que tem como meta a contratação de pelo menos 2 GW por ano. Com isso, mantemos os empregos criados e avançamos na capacitação para operação e manutenção dos parques eólicos que são instalados”, comenta Elbia Gannoum, presidente-executiva da entidade.

 

Para a porta-voz, é possível afirmar que toda a indústria que atende as empresas do setor elétrico certamente será envolvida positivamente na iniciativa do governo federal, assim como todos os núcleos que fazem parte desse universo, como geradores, transmissores, distribuidores e consumidores. “Os fabricantes de equipamentos e componentes terão suas fábricas abastecidas com os pedidos, fazendo com que toda a cadeia da indústria eólica seja contemplada também”, complementa.

 

Segundo Elbia, com essa previsão de investimentos, e a sinalização de contratação da fonte eólica, todas as empresas que atuam na cadeia produtiva do setor eólico se organizarão para atender às demandas que deverão surgir a partir do programa: “Todas as fábricas de aerogeradores e de componentes possuem capacidade produtiva para atender às demandas propostas. E, diante das metas apresentadas pelo governo, os investidores possuem a sinalização adequada para aprimorar as condições necessárias para atenderem ao que foi proposto pelo PIEE”.

 

No Brasil, a fonte eólica atingiu recentemente a potência instalada de 7,1 GW. Para Elbia, se o montante é expressivo, especialmente se considerar a recente trajetória dessa fonte, que participou pela primeira vez de um leilão competitivo há apenas seis anos. Cada MW de potência eólica instalada é capaz de gerar, em média, 15 postos de trabalho, distribuídos em toda a cadeia produtiva do setor, como fabricação de aerogeradores, peças e componentes; transporte; desenvolvimento de parques eólicos, etc.

 

A outra boa notícia vem de São Paulo e envolve a geração distribuída. O governo paulista, através do decreto estadual nº 61.439/2015, concedeu isenção de icMS sobre a energia elétrica fornecida para microgeradores e minigeradores, na quantidade correspondente à eletricidade injetada na rede de distribuição. A medida é válida para os créditos de energia ativa originados na própria unidade consumidora e também para outras unidades do mesmo titular. Já o decreto nº 61.440/2015 concede isenção de ICMS para a produção de equipamentos destinados à geração de energia eólica e solarimétrica. A medida isenta o icMS das partes e peças de aerogeradores, geradores fotovoltaicos e torres para suporte de energia eólica. Também estão contemplados pela medida os conversores de frequência de 1.600 kVa e 620 volts; fio retangular de cobre esmaltado de 10 por 3,55 milímetros e barra de cobre 9,4 por 3,5 milímetros.

 

O diretor da Neosolar Energia, Raphael Pintão, aprovou as iniciativas. “São medidas importantíssimas, que corrigem uma distorção na interpretação inicial sobre como deveriam ser cobrados os impostos. Antes desses decretos, o consumidor pagava impostos sobre a própria energia gerada, chegando ao ponto de pagar impostos mesmo quando não pagava pela energia. O benefício pode chegar a mais de 30% de melhora no retorno sobre o investimento. Neste sentido, as medidas foram muito importantes e certamente terão impacto positivo sobre a adoção da tecnologia no estado”, acredita.

 

De acordo com Raphael, o mercado de energia solar fotovoltaica no Brasil está bastante aquecido. “Embora os aumentos seguidos do dólar ainda tenham forte impacto negativo, os preços da energia estão tão altos, e o mercado tem tanto potencial, que o crescimento segue forte, mesmo havendo ainda muito o que ser feito para estimular e impulsionar o mercado”, pondera.

 

Segundo o executivo, o maior gargalo do setor segue sendo a questão do financiamento. Ele diz que as poucas linhas interessantes são direcionadas a grande projetos, e mesmo assim, são pouco acessadas devido a questões de índice de nacionalização. “O BNDES tomou algumas medidas, mas pouco se percebeu em termos práticos, até o momento. O pior cenário é para os microgeradores, onde talvez estejam as maiores oportunidades. As linhas de financiamento existentes são formatadas para produtos de varejo, com taxas altas de juros. É necessária a participação do governo, criando linhas compatíveis com este tipo de solução, ou seja, uma solução de infraestrutura que demanda taxas baixas e prazos longos”, defende.

 

GRANDES EMPRESAS PARTICIPAM DA 11ª EDIÇÃO DO SALÃO LATINO-AMERICANO DE VEÍCULOS ELÉTRICOS

Toyota, Volvo, BYD, CPFL Energia, Eletra, Mercedes-Bens, BMW e Porsche são algumas das empresas que já confirmaram presença na 11ª edição do Salão Latino-Americano de Veículos Elétricos, Componentes e Novas Tecnologias que será realizado entre os dias 24 e 26 de setembro , no Expo Center Norte, em São Paulo. Principal evento deste novo mercado na América Latina, o Salão deve ser o palco dos grandes lançamentos automobilísticos deste ano.

 

“Os veículos elétricos representam a maior revolução da indústria automotiva, desde a consolidação do motor a combustão. Por isso, o evento tem crescido a cada ano. Em 2014, ele movimentou R$ 30 milhões em negócios”, sintetiza Ricardo Guggisberg, presidente da MES Eventos, organizadora do Salão.

 

A 11ª edição do Salão Latino-Americano de Veículos Elétricos, Componentes e Novas Tecnologias trará novidades em bikes, motos, carros, ônibus, skates, patinetes, empilhadeiras, walking machines e veículos para portadores de necessidades especiais. “Por ser uma tecnologia limpa, que não emite poluentes e não gera ruídos, o veículo elétrico pode ser usado tanto em frotas externas como em ambientes internos, sendo, portanto, parte integrante de vários processos industriais. Trata-se de um mercado amplo, diversificado e que deve ser o principal vetor de crescimento dos fabricantes de veículos no futuro por conta da crescente demanda por economia, eficiência e cuidado com o meio ambiente”, detalha.

 

Para as PMEs, o Salão deste ano trará uma novidade: a Smart City, área do evento que simula uma cidade. “Abertos, os estandes dão maior visibilidade aos expositores, que têm suas marcas perfeitamente integradas ao espaço urbano do qual fazem parte”, destaca Ricardo. Ao lado, a pista de testes – um sucesso de público desde que foi integrada ao evento, em 2013 – permitirá que os visitantes experimentem parte dos lançamentos que serão apresentados no Salão, elevando a circulação e a conseqüente visibilidade dos expositores da Smart City.

 

Há mais de uma década, o Salão Latino-Americano de Veículos Elétricos, Componentes e Novas Tecnologias tem promovido o desenvolvimento, a demonstração, a comercialização e a utilização de veículos elétricos na América Latina, assim como a atualização e disseminação do setor. Seu objetivo é apresentar o estado da arte dos veículos elétricos e de seus componentes e debater os caminhos do crescimento do setor. Por isso, todo ano o evento apresenta as últimas novidades em produtos e serviços que compõem todos os setores da cadeia produtiva de um veículo elétrico, incluindo lançamentos.

 

 

UNIFICAÇÃO DE PROJETOS SOBRE ENERGIA SOLAR NO CONGRESSO COMEÇA A GANHAR CORPO

O desempenho da geração solar fotovoltaica nos últimos leilões de energia despertou a atenção do Congresso Nacional, e há uma constatação entre parlamentares e profissionais do setor de que é preciso reunir todas as iniciativas em tramitação em uma proposta consistente. O presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara, Danilo de Castro, defendeu na semana passada um esforço conjunto entre Legislativo e Executivo para superar os gargalos que ainda comprometem o desenvolvimento da fonte; enquanto o deputado Joao Fernando Coutinho propôs uma varredura de todos os projetos apresentados até agora.

 

“Tem mais de 25 propostas para o setor na Camara e no Senado. É necessário unir essas propostas”, reforçou o diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia, durante debate na comissão. O executivo da Absolar disse que a entidade está disposta a trabalhar com o Legislativo na elaboração de um projeto viável.

 

Os gargalos do financiamento e da carga tributária incidente sobre projetos de mini e microgeração distribuída, que afetam particularmente a instalação de sistemas fotovoltaicos no país, foram destacados durante a discussão por parlamentares e técnicos do governo. Marcos Franco Moreira, da secretaria de Energia Elétrica do Ministerio de Minas e Energia, mencionou o esforço dentro do Conselho Nacional de Política Fazendária para a desoneração do ICMS e a mobilização para que a desoneração também ocorra no PIS e Cofins, que são tributos federais.
Moreira disse que o sistema de redes inteligentes de energia vai estar, em algum momento, ligado à geração distribuída. “O recado final é como pagar essa conta. O consumidor de energia elétrica, que muito subsidiou, não tem como subsidiar mais, porque o preço da energia já teve aumentos astronômicos”, concluiu o técnico.

 

Sauaia, da Absolar, lembrou que a cadeia produtiva da energia fotovoltaica “gera empregos locais diretos e indiretos. E empregos de qualidade.” A fonte também contribui para reduzir as perdas técnicas na rede de distribuição, que são estimadas pela entidade em 15%. A projeção para o desenvolvimento da fonte no longo prazo, destacou, é de que ela tornará uma das mais baratas em termos de geração de energia elétrica nos próximos 35 anos. Em relação ao modelo de financiamento, Sauaia recomenda que os prazos de amortização sejam da ordem de dez anos e lembra que a garantia do fabricante para os sistemas fotovoltaicos é de 25 anos.

 

O gerente nacional de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental da Caixa Econômica Federal, Jean Rodrigues Benevides, defendeu medidas de incentivo para o setor deslanchar. Ele diz que recursos do fundo do setor de telecomunicações, o Funtel, e do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, poderiam ser opções para financiar projetos. Projetos habitacionais do Minha Casa, Minha Vida foram implantados na Paraíba com sistemas fotovoltaicos instalados, que hoje geram renda para os moradores, com a venda do excedente de energia para a distribuidora local. A Caixa já financia a instalação de aerogeradores e de sistemas fotovoltaico para pessoas fisicas e juridicas, por meio dos cartões Construcard e Producard.

 

Fonte: Canal Energia

Por que a energia solar não deslancha no Brasil

A capacidade instalada no Brasil, levando em conta todos os tipos de usinas que produzem energia elétrica, é da ordem de 132 gigawatts (GW). Deste total menos de 0,0008% é produzida com sistemas solares fotovoltaicos (transformam diretamente a luz do Sol em energia elétrica). Só este dado nos faz refletir sobre as causas que levam nosso país a tão baixa utilização desta fonte energética tão abundante, e com características únicas.

 

O Brasil é um dos poucos países no mundo, que recebe uma insolação (numero de horas de brilho do Sol) superior a 3000 horas por ano. E na região Nordeste conta com uma incidência média diária entre 4,5 a 6 kWh. Por si só estes números colocam o pais em destaque no que se refere ao potencial solar.

 

Diante desta abundância, por que persistimos em negar tão grande potencial? Por dezenas de anos, os gestores do sistema elétrico (praticamente os mesmos) insistiram na tecla de que a fonte solar é cara, portanto inviável economicamente, quando comparadas com as tradicionais.

 

Até a “Velhinha de Taubaté” (personagem do magistral Luis Fernando Veríssimo), que ficou conhecida nacionalmente por ser a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo militar, sabe que o preço e a viabilidade de uma dada fonte energética dependem muito da implementação de políticas públicas, de incentivos, de crédito com baixos juros, de redução de impostos. Enfim, de vontade política para fazer acontecer.

 

O que precisa ser dito claramente para entender o porquê da baixa utilização da energia solar fotovoltaica no país é que ela não tem apoio, estímulo nem neste, nem nos governos passados. A política energética na área da geração simplesmente relega esta fonte energética. Por isso, em pleno século XXI, a contribuição da eletricidade solar na matriz elétrica brasileira é pífia, praticamente inexiste.

 

A realização recente de dois leilões exclusivos para esta fonte energética deixou claro que não basta simplesmente realizar o pregão é necessário que o preço final seja competitivo para garantir a viabilidade das instalações. O primeiro leilão realizado a nível nacional, em outubro de 2014, resultou na contratação de 890 MW, e o valor final atingiu R$ 215,12 / MWh. O segundo, realizado em agosto de 2015, terminou com a contratação de 833,80 MW, a um valor médio de R$ 301,79 / MWh. Ainda em 2015, em novembro próximo será realizado um terceiro leilão especifico para a fonte solar.

 

Por outro lado, a geração descentralizada — aquela gerada pelos sistemas instalados nos telhados das residências — praticamente não recebe nenhum apoio e consideração governamental. Apesar do enorme interesse que desperta, segundo pesquisas de opinião realizadas.

 

Em janeiro de 2013, a Norma Resolutiva 482/2012, da Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estabeleceu regras para a micro (até 100 kW) e a mini geração (entre 100 kW e 1.000 kW). Permitiu, em tese, que consumidores possam gerar sua própria energia, e trocar o excedente por créditos, que dão desconto em futuras contas de luz. Mas não alavancou o uso desta fonte energética. Os dados estão ai.

 

Segundo a própria Aneel, o numero de sistemas deste tipo implantados passou de 8 (de janeiro a março de 2013) para 725 (entre abril e junho de 2015). Deste total, 681 são sistemas fotovoltaicos, 4 biogás, 1 biomassa, 11 solar/eólica, 1 hidráulico e 27 eólicos. São números insignificantes quando comparados, por exemplo, com a Alemanha — que dispõe de mais de um milhão de sistemas instalados nos telhados das residências.

 

Fica evidente que persistem obstáculos para uma maior participação da eletricidade solar na matriz elétrica. Para transpor os obstáculos, são necessárias políticas públicas voltadas ao incentivo da energia solar. Por exemplo: a criação, pelos bancos oficiais, de linhas de credito para financiamento com juros baixos; a redução de impostos tanto para os equipamentos como para a energia gerada; a possibilidade de utilizar o FGTS para a compra dos equipamentos e mais informação através de propaganda institucional sobre os benefícios e as vantagens da tecnologia solar.

 

Mas o que também dificulta enormemente a geração descentralizada é a atitude das distribuidoras de energia — que administram todo o processo, desde a análise do projeto inicial de engenharia até a conexão à rede elétrica. Cabe a elas efetuarem a ligação na rede elétrica, depois de um burocrático e longo processo administrativo realizado pelo consumidor junto à companhia.

 

E convenhamos, aquelas empresas que negociam com energia (compram das geradoras e revendem aos consumidores) não estão nada interessadas em promover um negócio que, mais cedo ou mais tarde, afetará seus lucros. Isto porque o grande sonho do consumidor brasileiro é ficar livre, não depender das distribuidoras com relação à energia que consome. O consumidor deseja é gerar sua própria energia.

 

Aí está o “nó” do problema que o governo não quer enfrentar. O lobby das empresas concessionárias, 100% privadas, dificulta o processo através de uma burocracia infernal, que nem todos que querem instalar um sistema solar estão dispostos a enfrentar. Enquanto que em dois dias você instala os equipamentos na sua residência, tem que aguardar quatro meses para estar conectado na rede elétrica.

 

O diagnóstico dos problemas encontrados é quase unânime. Só não “enxerga” quem não quer. E não “enxergando”, os obstáculos não serão suplantados. Assim o país continuará patinando, mergulhado em um discurso governamental completamente deslocado da realidade.

 

Acordem “ilustres planejadores” da política energética, pois a sociedade não aceita mais pagar pelos erros cometidos por “vossas excelências”. Exige-se mais democracia, mais participação, mais transparência em um setor estratégico, que insiste em não discutir com a sociedade as decisões que toma.

 

Fonte: Revista Carta Capital