CONFIRA AS MUDANÇAS QUE OS VEÍCULOS ELÉTRICOS DEVEM TRAZER

29 de setembro de 2016
CONFIRA AS MUDANÇAS QUE OS VEÍCULOS ELÉTRICOS DEVEM TRAZER
Uma pesquisa da Bloomberg New Energy Finance listou as consequências da consolidação dos veículos elétricos no setor de transporte e em outros segmentos, também.   Segundo a pesquisa, no primeiro semestre deste ano, as vendas desse tipo de veículo no mundo aumentaram 57% em relação ao mesmo período do ano passado. A consolidação dos veículos elétricos está acontecendo num ritmo mais acelerado do que se previa e isso deve trazer diversas mudanças. Confiram algumas dessas transformações abaixo. (listadas no Jornal Gazeta do Povo)   Uma nova cadeia produtiva   O crescimento da indústria de veículos elétricos reduzirá o mercado para motores à combustão, gerando queda em toda a cadeia de suprimentos, incluindo fabricantes de marchas, montadores de sistemas de combustível, fornecedores de sistemas de exaustão e catalisação e toda uma indústria associada de suprimentos e componentes.   Por outro lado, os grandes fornecedores de baterias, como Tesla, Panasonic, LG Chem e Samsung, provavelmente, serão os grandes beneficiados, assim como as novas empresas provedoras de softwares, de sensores para rastreamento e cyberproteção, além daquelas que irão fornecer a tecnologia para a direção autônoma. Isso aumentará a demanda por químicos de baterias – em particular o lítio – e outros metais de terras raras, necessários em muitos motores e outros componentes elétricos modernos, fazendo crescer, também, a indústria de químicos.   Por fim, a busca dos fabricantes por reduzir o peso dos carros elétricos, para contrabalancear o efeito inevitável da solidez das baterias, motivará um uso maior de resinas, materiais compostos e aerogéis.    Menos concessionárias e mecânicas   A menor necessidade de manutenção dos veículos elétricos, a possibilidade de ajustes remotos, o desenvolvimento de softwares de suporte ao motorista e a esperança de que a bateria principal do carro dure 110 mil quilômetros fará com que diminua o número de concessionárias, revendas e mecânicas nas próximas décadas.   Como consequência, haverá, também, a diminuição de empregos e funções ligadas a essas áreas. A expectativa é que passem a existir mais showrooms em localizações convenientes (como o centro das cidades e áreas de grande fluxo) e lojas de usados fora das cidades.   Outra função que deve diminuir em todo o mundo, ainda que veículos completamente autômatos pareçam muito distantes, é a dos motoristas.   Sistemas de eletricidade   Uma grande frota ativa de veículos elétricos implicará em um enorme potencial para a relação entre demanda e capacidade de resposta de energia. Por outro lado, ao mesmo tempo em que os carros poderão ser carregados quando o preço da energia estiver baixo, eles poderão, também, descarregar a energia de volta à rede quando a geração de eletricidade estiver baixa – assumindo a função de armazenagem estacionária.   Pesquisas da Bloomberg sugerem que, até 2018, o custo da segunda vida dessas baterias – com desempenho reduzido em 30% – deve se aproximar dos US$ 49 por kWh redirecionado, frente aos US$ 300 por kWh das opções disponíveis atualmente.   As baterias darão, assim, um suporte adicional à economia, tanto por meio de veículos elétricos quanto de energias renováveis, acelerando a vantagem de ambos e criando novas oportunidades para quem oferece serviços auxiliares.   Existem, também, os mercados que não fazem parte da rede elétrica, onde uma melhora na tecnologia das baterias proporcionada pelos veículos elétricos poderia trazer grandes benefícios. Uma possibilidade é a substituição dos geradores a diesel, que seriam trocados por uma mini rede: opção mais limpa, silenciosa e de baixa manutenção.    O fim da era do petróleo   Uma rápida mudança para os veículos elétricos, na escala esperada pela BNEF, seria cruel para a demanda por gasolina.   A perspectiva de redução de consumo é de 13 milhões de barris de petróleo por dia, até 2040. As consequências seriam impactos no crescimento do PIB em mercados emergentes na compra de carros, melhorias na eficiência interna dos motores à combustão, mudanças nos modelos de transporte e penetração de gás natural comprimido, biocombustíveis e outros combustíveis alternativos.   Essa tecnologia alternativa limitará os preços do petróleo no longo prazo – que atualmente está em torno de US$ 80 por barril. É provável, então, que a expressão “preços baixos por mais tempo” se torne “preços baixos para sempre”, dando muitos prejuízos para as companhias internacionais de petróleo e para os fornecedores de serviços no setor.   Infraestrutura de estradas e postos de carregamento   O aumento no número de veículos elétricos implicará na melhora da infraestrutura para carregamento. E como grande quantidade de pontos de carregamento precisará ser construída – pois o dono irá esperar que seja possível carregar seu carro na rua, em casa, no trabalho, no centro comercial ou em grandes rodovias – a indústria de construção será uma das mais beneficiadas, assim como os fornecedores de equipamentos elétricos e de softwares associados.   Em um primeiro momento, porque haverá a instalação de pontos de carregamento e dos cabeamentos para residências, estacionamentos e grandes varejistas. E depois, porque as construções terão design adaptado, apresentando pontos de carregamento em garagens e residências.   Cidades e mobilidade urbana   A mudança para a eletrificação e digitalização do transporte não irá mudar a maneira como a invenção do carro moldou a cidade moderna. Porém, com a popularização dos automóveis elétricos, sera visível a mudança física que acontecerá com a substituição dos parquímetros por pontos de carregamento.   Eles estarão presentes em vagas de estacionamento, de supermercados e em centros comerciais, hotéis e restaurantes. Como a maior parte dos proprietários não será dona de garagens adaptadas, o varejo deve liderar o carregamento, percebendo que cargas gratuitas serão uma boa forma de assegurar clientes regulares.   Há, também, consequências menos esperadas, como a possibilidade de a digitalização dos serviços de ônibus reduzir a concentração de um pequeno número de rotas superlotadas. O que é certo, é que veículos autônomos devem possibilitar deslocamentos maiores, uma vez que os motoristas poderão usar seu tempo de modo mais produtivo.   Outros setores do transporte   A eletrificação do transporte não ficará restrita ao mercado de carros. Já existem, apenas na China, 200 milhões de bicicletas elétricas e seu uso está se espalhando pelo mundo todo. Melhores baterias, motores e tecnologias de controle de energia irão desafiar o domínio de pequenos veículos movidos a combustíveis fósseis em cada setor: barcos a motor, cortadores de grama, veículos para neve, motocicletas, chegando até aos veículos pesados.   Vans de entrega serão um mercado inicial natural, pois circulam por distâncias relativamente pequenas e há uma vantagem comercial na eliminação de barulhos e poluição atmosférica. Balsas elétricas também estão começando a aparecer. A Tesla, a Mercedes e outras montadoras já estão trabalhando para produzir, também, caminhões elétricos para cargas pesadas.   Economia mundial   Se o estabelecimento dos carros elétricos trará mudanças em diversos setores, e na maneira com que interagem com o meio, é certo esperar transformações na economia global e, inclusive, nos ministérios da economia pelo mundo.   Nos países da Europa, o valor arrecadado com as taxas de petróleo e diesel chega a 7% das receitas governamentais. Se a demanda por esses combustíveis cair, baixando também a arrecadação dos governos, fica a dúvida de como essa perda será substituída.   Além disso, haverá redução na quantidade de trabalhadores envolvidos com manutenção, reparo e, eventualmente, direção. É preciso, então, que o debate sobre projetos de renda garantida cresça, uma vez que o setor de transporte comece a gerar milhões de desempregados pelo mundo, mesmo em um contexto de crescimento econômico.   Por fim, qualquer mudança significativa na direção das energias sustentáveis e tecnologias de transporte precisará da criação de novos investimentos de capital a longo prazo, gerando impactos macroeconômicos com relação à produtividade e às taxas de juros.    
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