Energias Renováveis - panorama

6 de outubro de 2010
Energias Renováveis - panorama
(Texto publicado no jornal da associação comercial de Batatais) Como nos posicionamos frente ao desafio das mudanças climáticas e revolução energética mundial? A preocupação com as mudanças climáticas e os efeitos da ação do homem sobre o planeta tem acelerado de forma sem precedentes a busca por fontes renováveis de energia que possam substituir os combustíveis fósseis, principais emissores de CO2 na atmosfera e causadores do aquecimento global. Ao analisar a matriz energética brasileira, vemos que cerca de 45% da energia é produzida através de fontes renováveis, impulsionada principalmente pelas hidrelétricas e pela produção de cana-de-açúcar. No entanto, os últimos anos e a perspectiva para os próximos mostram uma forte tendência de aumento da participação de fontes “sujas” com a implantação de usinas termelétricas e a exploração do pré-sal. Enquanto muitos países como Alemanha, China, EUA, Japão, Espanha e até empresas de ponta como a Google tem investido muito pesado na geração de energia a partir de fontes alternativas e renováveis, principalmente Eólica e Solar, o Brasil, mantém sua linha de investimentos em petróleo, etanol e hidrelétricas. Os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica nas chamadas fontes alternativas são irrelevantes. É ótimo e necessário que pensemos em ampliar nossa oferta de energia, mas a diversificação e a aposta em fontes alternativas parecem ser essenciais para um país que pretende ampliar sua atuação no contexto político-econômico mundial. Não investir agora, significa dependência no futuro. Mesmo no contexto da América do Sul, estamos ficando para trás em relação a países como Chile, Argentina e até países pequenos e conturbados como a Bolívia, que tem importantes reservas de gás e petróleo e, no entanto, também está avançando na utilização das energias eólica e solar. Estive recentemente visitando uma feira na Bolívia e pude observar diversas empresas e o grande interesse das pessoas pelo setor. As pessoas querem eletrificar suas casas ou o campo através de fontes renováveis. No Brasil, enquanto o petróleo do pré-sal significa maior emissão de CO2 na atmosfera, o etanol é questionado quanto aos impactos sócio-ambientais e o nosso potencial hidráulico deve estar esgotado entre 2020 e 2030. Mais de 70% do potencial hidrelétrico restante no Brasil está na bacia amazônica e aproveitar este potencial significa alagar florestas e cobrir o país com linhas de transmissão gerando custos e impactos ambientais. Apenas para comparação, se a área alagada (2.360km2) da hidrelétrica de Balbina (AM) fosse coberta com painéis solares, geraria energia suficiente para atender todo o consumo nacional. A pergunta que fica é porque não investir também em novas tecnologias e explorar nosso potencial eólico e solar. Afinal, essas fontes são grátis, inesgotáveis e a experiências de outros países já se mostraram muito bem sucedidas. Basta vontade política para o desenvolvimento. Na década de 70 e 80, o Proálcool foi o responsável pelo desenvolvimento do setor alcooleiro. Novas tecnologias também dependem de incentivos e vontade política no início. Existem leis tramitando no congresso nacional desde 2003 que visam alavancar o setor das energias renováveis. A aprovação dessas leis depende de muitos fatores, interesses e lobby. Enquanto isso, mesmo sem muitas incentivo, a energia eólica tem se desenvolvido principalmente no sul e nordeste e a energia solar também, principalmente para aplicações no campo ou em locais de difícil acesso a energia elétrica. O surgimento de novas empresas e o aumento do acesso a informação tem feito este mercado crescer, não de forma planejada e organizada, mas de maneira descentralizada em aplicações onde a iniciativa privada percebeu os seus benefícios. Energia sempre será um importante tema no contexto mundial. Já está claro que as principais fontes de energia utilizadas atualmente não podem se sustentar no longo prazo. Cabe a todos promover já as mudanças necessárias e garantir nossa independência no futuro, seja se informando sobre o assunto, apoiando idéias, iniciativas ou até produzindo nossa própria energia.
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